quinta-feira, 16 de março de 2006
Armas Químicas e Poemas
Eu me lembro muito bem, como se fosse amanhã
o sol nascendo sem saber o que iria iluminar
eu abri meu coração como se fosse um motor
e na hora de voltar sobravam peças pelo chão
mesmo assim eu fui à luta... eu quis pagar pra ver
Aonde leva essa loucura
qual é a lógica do sistema
onde estavam as armas químicas
o que diziam os poemas
Afinal de contas
o que nos trouxe até aqui, medo ou coragem?
talvez nenhum dos dois
sopra o vento um carro passa pela praça
e já foi... já foi
por acaso eu fui à luta... eu quis pagar pra ver
Aonde leva essa loucura
qual é a lógica do sistema
onde estavam as armas químicas
o que diziam os poemas
O tempo nos faz esquecer o que nos trouxe até aqui
mas eu lembro muito bem como se fosse amanhã
Quem prometeu descanso em paz
pra depois dos comerciais?
e quem ficou pedindo mais
armas químicas e poemas?
segunda-feira, 13 de março de 2006
SONHEI
Sonhei
E fui
Sinais de sim
Amor sem fim
Céu de capim
E eu olhando a vida olhar para mim
Sonhei
E fui
Mar de cristal
Sol, água e sal
Meu ancestral
E eu tão singular me vi plural
Sonhei e fui
Num sonho à toa
Uma leoa
Água de goa
E eu rogando ao tempo me perdoa
Sonhei
Pra mim
Tanta paixão
De grão em grão
Verso e canção
E eu tentando nunca ouvir em vão
Sonhei
Senti
Sol na lagoa
Céu de Lisboa
Nuvem que voa
Num país maior que uma pessoa
Sonhei
E vim
Mares de Espanha
Terras estranhas
Lendas tamanhas
E eu subi sorrindo esta montanha
Sonhei
Enfim
E vejo agora
Brilho de aurora
Mundos lá fora
E eu cantando adeus e indo embora
sexta-feira, 10 de março de 2006
" Violeta de Outono "
Silêncio em mim
Espelhos planos
Saídas falsas ou solidão
Só esperando
Vagando em seu olhar
Tudo é deserto
Estranho lugar
Você sabe que não temos tempo
Dia eterno
Noite escura a dentro
Na escuridão
Relembrando planos
Quem se erguerá com o fogo nas mãos
Adormecido eu o vi chegando
Na madruga o sol vai chegar
Seus repassos
Luzes constantes
Apontam pra muito distante
Você sabe que não temos tempo
Tempestade
Noite escura a dentro
quinta-feira, 9 de março de 2006
* Vivo *
Precário, provisorio, perecível
Falível, transitório, transitivo
Efêmero, fugaz e passageiro:
Eis aqui um vivo
Eis aqui um vivo
Impuro, imperfeito, impermanente
Incerto, incompleto, inconstante
Instavel, variável, defectivo
Eis aqui um vivo
Eis aqui
E apesar
Do tráfico, do tráfego equívoco,
Do tóxico do trânsito nocivo;
Da droga do indigesto digestivo;
Do cancer vir do cerne do ser vivo;
Da mente, o mal do ente coletivo;
Do sangue, o mal do soropositivo;
E apesar dessas e outras,
O vivo afirma, firme e afirmativo:
“O que mais vale a pena é estar vivo”
Não feito, não perfeito, não completo,
Não satisfeito nunca, não contente,
Não acabado, não definitivo:
Eis aqui um vivo
Eis me aqui
segunda-feira, 6 de março de 2006
.'.*.".. *..*¨.DOIS GUMES.¨*..* ..".*.'.
Composição: Cal/ Sérgio Bastos/ M. Hayena
Posso fingir
Posso voltar até o início
Possso insistir ou desistir
Contando os passos pro precipício
As vezes o que é lindo aos olhos
Pode ser podre ao coração
Sentado no canto da sala
Bebendo em gotas a solidão
Hoje eu passei por tanta gente
Mas mesmo assim estou deserto
Vagando em torno de mim mesmo
Entre o irreal e o concreto
Eu vejo um vulto em outro quarto
Que poderia ser o meu
Preso em arames tão farpados
Que o próprio tempo me envolveu